Satanistas adoram o diabo?


A figura de Satã representa o fim da adoração a qualquer ente externo e a possibilidade da autodeificação. Como foi dito a visão do que é exatamente o diabo e qual a relação que cada Satanista tem com esta visão varia de indivíduo para indivíduo. Contudo, podemos dizer categoricamente e enfaticamente que nenhum Satanista adora qualquer entidade que não ele mesmo.
O Satanismo é contra qualquer tipo de idolatria que tire o reinado supremo do indivíduo e assim coloca-se contra a adoração de deuses, demônios, pessoas, animais, bandeiras e coisas. E para nós poucas coisas são mais abominadas do que a servidão, do que se sujeitar a uma figura que se aceite sem qualquer tipo de contestação como tendo autoridade inquestionável e sendo superior a nós mesmos. Este é o significado da serpente no Éden, da rebelião de Lúcifer e da tocha de Prometeu. O homem deixa de ser um animal domestico acorrentado e prostrado aos pés dos deuses, para assumir a responsabilidade pela sua própria vida sem que outros a assumam no seu lugar. Independente da percepção que cada indivíduo tenha da figura de Satã, não existe adoração e sim a busca de um ideal. Ao invés de adorarmos Satã nos espelhamos nele e buscamos através do auto-conhecimento e da auto-superação nos tornar Satã.
As imagens de Satã, Moloch, Belial e tantos outros demônios que de fato usamos em nossos rituais, servem apenas para entrarmos em contato com o "lado negro" da nossa natureza humana, já que o "lado branco", já está sendo continuamente incentivado pela sociedade e é diariamente exercitado. Em busca de uma total integração com nós mesmos, trabalhamos com os demônios em nossas cerimônias projetando em nós suas qualidades para que possamos até mesmo ultrapassá-los e transcendê-los. Trabalhando com aquele lado que é sempre repudiado como errado, a pessoa passa a se aceitar totalmente, livra-se da dualidade e realiza a sua "verdadeira vontade", que é a vontade perfeita do ser humano, livre da egolatria e do culto exterior.
O objetivo dos rituais satânicos é sempre atingir um objetivo egoísta, ainda que seja o objetivo egoísta de ajudar o próximo. Não se prestam para adoração, mas para que comunguemos com os antigos deuses e deusas que foram jogados no abismo do esquecimento dos últimos séculos pelas religiões institucionalizadas. Sejam eles arquétipos, entidades, ou simples símbolos, a meta é sempre nos identificarmos com suas características que nos sejam proveitosas.
Mesmo quando o Satanista desenvolve uma visão/crença da existência de fato dos demônios como entidades ele não se coloca em segundo plano ou em um nível inferior perante a elas e não enxerga que estas queiram seres fracos lambendo seus pés e implorando por esmolas. Assim como o diabo se rebelou, ele se rebela, assim como ele questionou, ele questiona. Satã não é por adoradores cegos e submissos e sim por seres fortes e orgulhosos que amem a si mesmos e ao seu próprio poder de mudar o mundo.
Não buscamos ídolos, buscamos modelos de coragem, exemplos de responsabilidade e poder para nos espelharmos. Portanto, ao invés de nos sacrificarmos a deuses distantes e indiferentes, adoramos o deus mais próximo de nós e que mais se importa conosco: nós mesmos. Ainda que existam rituais e invocações estes servem para exaltar qualidades e fixar em nossa mente certos ideais, jamais sendo usados para pagarmos homenagem a um líder ou nos escondermos atrás da sombra de alguém "mais poderoso". Satanismo é o oposto da submissão e seu lema é "Amar a si mesmo sobre todas as coisas".

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